Quem foi Antonio Candido?
Qualquer um que tenha passado perto da área das Humanidades, das Letras à Sociologia, certamente já se deparou, nem que “de orelha”, com a obra de Antonio Candido.
E a razão para isso é muito simples, ele era – e ainda é – uma das vozes consagradas no que se refere à crítica sociológica e crítica literária, e isso não apenas no Brasil.
Falecido em 12 de maio de 2017, Antonio Candido deixou uma obra vasta e densa, onde praticamente tudo se destaca, ele sempre tinha algum coisa de relevante e interessante para dizer, dentre tudo o que escreveu, seu texto considerado mais canônico é, sem sombra de dúvida, Formação da Literatura brasileira: momentos decisivos, publicado originalmente em 1959.
Sociólogo de formação, Antonio Candido soube como ninguém aplicar sua dialética sociológica à análise literária, estabelecendo diálogos fortuitos entre aspectos externos e internos da obra literária, concomitantemente a seus aspectos individuais e psicológicos, determinando que elas, as obras, são fruto sim de seu tempo, mas também são produções de indivíduos e de suas idiossincrasias (ou seja, há o texto e o extratexto).
Ao longo das páginas de Formação, Candido traça um arco histórico e crítico, demonstrando como se deu todo o processo de produção da literatura brasileira em seus pontos seminais, concebendo a ideia de desdobramento a partir de uma tentativa de integração da identidade nacional.
A dialética serviu a Candido não somente como método para a análise literária, mas como meio de engajamento na vida, na busca de compreender o processo de conformação cultural e desenvolvimento dos diversos substratos que constituem nossa formação cultural, como intelectual orgânico de seu tempo, ele sabia que a ação é a contundência do pensamento, daí talvez se entenda suas escolhas políticas até o fim da vida como sendo ela própria um processo.
Mesmo àqueles que possam ter alguma resistência ao modo de pensamento do autor, ele é, indubitavelmente, um dos grandes nomes da cultura brasileira e ninguém que se proponha refletir sobre o Brasil pode se dar ao luxo de ignorá-lo.
Sendo assim, hoje, prestamos nossa homenagem a Antonio Candido que, se estivesse vivo completaria 99 anos.
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